Page 34 - Medplex Eixo Norte
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ENTREVISTA
“Atualmente é possível identificar doenças em estágios mais fáceis de curar. O avanço é enorme na área de diagnóstico”
têm acontecido de forma parelha. Tratamento de epilepsias infantis
e de AVCs (que antes eram quase sentença de morte) são muito beneficiados pelos avanços. Hoje, uma pessoa que sofre um AVC e recebe um tratamento em tempo hábil, com o uso de equipamentos de microcatéter – que desentope as artérias comprometidas –, não sofre sequelas.
Que recursos no seu dia a dia no tratamento de pacientes, como medicamentos, equipamentos ou processos, são os mais beneficiados pela tecnologia?
O avanço é maior para a fase
do diagnóstico, para fazer um diagnóstico exato. Isso não era assim quando eu era residente, na década de 80. Havia muito erro pela dificuldade de entender o problema. O médico só conseguia compreender melhor a situação muito tarde. A maioria das doenças, quando enfrentadas no início,
são mais fáceis de curar. Não só
as neurológicas, qualquer uma. Antes dessa tecnologia a demora no diagnóstico era maior, a doença amadurecia, sem sintomas. Quando se conseguia o diagnóstico já
era muito tarde. Hoje é possível identificar doenças em estágios mais fáceis de curar. O câncer é uma prova disso, a medicina consegue tratar antes que a doença se espalhe.
A tecnologia também está ajudando no desenvolvimento de pesquisas
e na troca de estudos entre pesquisadores de diferentes partes do mundo?
Sim, com certeza. Aqui na PUC-RS, de um ano para cá, o nosso grupo mantém conversas mensais com colegas de Leuven, na Bélgica,
Montevidéu, no Uruguai, e Santiago, no Chile. Nos reunimos por teleconferência e discutimos casos de epilepsia atendidos por cada equipe, trocando informações. A tecnologia ajuda porque é possível enviar imagens na mesma hora para os colegas. Tenho um amigo patologista na Alemanha. Quando preciso de uma segunda opinião sobre um caso, mando imagens para ele pela internet. Em uma ou duas horas ele me responde com a sua análise do caso. Também é comum transmitir cirurgias ao vivo para qualquer centro clínico
no mundo. Ajuda muito para a atualização dos profissionais e
para o aprendizado dos alunos,
pois acelera o processo de amadurecimento do profissional.
O que é possível esperar do futuro da neurologia com o avanço da tecnologia?
É difícil fazer previsão. Estive recentemente em um congresso mundial de neurologia em Teerã, no Irã. Existem várias linhas de pesquisas em diferentes áreas
da neurologia, principalmente
nos países mais ricos. A gente se surpreende a cada dia por causa do mundo digital. Há três anos, ninguém falava em rede neural. Agora, eu vi um estudo sobre a parte executiva do cérebro, que é a parte que a gente usa para organizar as tarefas. Com o uso dessa tecnologia, é possível ver quais partes do cérebro estão sendo ativadas pelo paciente para formar uma rede responsável por executar uma determinada tarefa. Isso ajuda muito também na psiquiatria, para entender como a pessoa organiza seu pensamento. Então, um avanço em uma área médica também é aproveitado para outra.
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